Eu precisava de um mergulho daqueles
para resfrescar as idéias
não um mergulho insano
mas
um
mergulho
apetitoso
um
mergulho
apetitoso
sem fingimentos
sem vacilos
um mergulho
de
sorte
de
sorte
quando cheguei a dar espaço
para o que não pode ter espaço
chegava a crer que a sorte não existia
E
ela bate a minha porta
não com cara de sorte
Mas como sorte
de carne
osso
de carne
osso
e pecado
Humana como Deus grego
mergulhar na sorte que não se crê
que não se espera
não é jogada fácil
Na sorte não há espaço para os blefes
Na sorte não há espaço para os blefes
E como saber se ela
é a nossa sorte
se nela não mergulharmos?
refugar a sorte?
pode ser pecado
mas e se a sorte tiver cara
de pecado
não será certo
refugá-la
e até esquecê-la?
se for sorte
não cai no esquecimento
por que sorte que é sorte
é como esperança
a última a morrer
paradoxalmente
sorte
dá falta de ar
ao
mesmo tempo
que te ensina
por mais tempo
aguentar
sorte
é mergulho
disto não se pode duvidar
e eu estou com sorte
não vou negar
sorte daquelas
que se põe no meio do caminho a bailar