sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Abandono



Uma voz no meu ouvido
Palavras que não lembro ao certo
abandono
corpo
alma
e razão
e mergulho
no nada sei
que aceitei...

MEDO


eu que sempre tenho sido
a certinha
a boa filha
a aluna exemplar
a atriz disciplinada
eu que tenho escrito sem erros de português
eu que tenho organizado
até meus sonhos em caixinhas
que tenho separado o lixo
que tenho reciclado
papel
eu


eu que sempre tenho sido
a heroína corajosa 
da história sem fim
de mim mesma
onde o mocinho não chega nunca para me salvar

eu
abandonei
a coragem
o medo
e me entreguei
as sensações

mas depois
o vazio
a distância

fazia tempo
que não me sentia
assim
nua
crua
na plenitude de mim
na solidão quieta
de meu mundo
que não é só meu


um abraço faria tão bem

Que
abandono
que sensação
Serei louca?
Não
não é isso
Você não me entendeu!

Minha loucura
é outra
bem outra
é de vida que
eu falo
despreendimento
seu moço

ei
ei você!
ei seu moço

Será que mergulhamos juntos e você não me entendeu?

ei você aí
eu não sou louca viu

quer dizer
sou sim!

mas não esta espécie de louca
que você está pensando

eeeeeeeeeeeeeeeeeeeiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
ei seu moço
acabo de mergulhar
e depois do mergulho
não há mais volta

eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
estou vendo
ainda
seus gestos


eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
estou aqui
sonhando
que era sonho

eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
já decorei o seu olhar
cada expressão

temendo o fim
decorei tudo
com medo
que sonhos
virem pesadelos

meu olhar decorou o seu

EI SEU MOÇO
NAO QUERO DESISTIR
EM MEIO AO MEU E  AO SEU MERGULHO
DEU PARA ENTEDER
OK???????????????????

NÃO SÃO AS AVENTURAS QUE ME MOVEM SÃO OS SONHOS
E O DESEJO DE TRANSFORMÁ-LOS EM REALIDADE

e
eu
 estou
tentando
só para você
ser eu
sem medo
dos outros

e de seus juízos
e de seus cuidados
e de seus ciúmes

Não me abandone assim
em meio a este caos
DE MIM MESMA
o perigo é bem outro
não sou eu

eu vejo no fundo do seus
olhos

o tamanho de sua carência
o medo de aceitar sua  loucura


abra seu mar de sonhos
(só para mim)
para que também eu possa
mergulhar em ti
IN-FI-NI-TA-MEN-TE
FAN-TAS-TI-CA-MEN-TE
deixe de lado
suas exigências
para apenas viver
o que eu sei
vai ser bom
sem fim

não finja
que não quer
que tudo
é só uma brincadeira
passageira

por que não
é
não diga
que o amor
e tudo mais
precisa também ser agendado
anotado
para não ser esquecido

não tente adiar
seu desejo
no abandono de seu sonho
de sua vontade

assim no meio do mergulho maravilhoso

eu
você
e outras coisas


eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
seu moço
abandone sua superficialidade
você não é só esta máquina
que pensa ser


eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
moço bonito

ei você
me escuta!

Estás me ouvindo
estás me entendendo?
estou gritando para você
acordar

eu já mergulhei
não tem volta
mas pode ter
mas vai
doer
doer
doer

apnéia
falta de ar

e se doer em mim
doerá também em você
e eu não quero te ver sofrer
que sofra eu
como sempre sofri
como já me acostumei

ouve o que eu li na sua alma
no fundo do mergulho que dei
nos seus profundos
olhos brilhantes

eu vi
não fuja
não adie
não tema
não corra
não morra
em si
admita de uma vez
não se engane

pode sim acontecer
também com você
não tema

seu olhar
já me disse
a paixão de seu mergulho
não é só carnal
o brilho do seu olhar
não é apenas casual

e você é muito mais
do que acostumou-se a ser
abandone-se também

mergulhe
e veja
que também sua loucura
não é tão má assim

e como eu...

ah seu moço
(bonito)
se permita abandonar

mergulhe
sem fim(não tema)em mim

pois
eu acabo de me abandonar
em você


Não sou louca
sou só despreendida

 abandonada

assim

acabo de me despreender
e me grudar
ainda mais em você

basta agora você perceber...





sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Me escuta

Ouve meu grito
Ele é um canto a ti
Canta comigo
E silencia

Depois 
calmamente
Mergulha
Teus olhos
Nos meus
E deixa
Minhas insanas
Mudas palavras
Jorrarem
Neste breve longo
Esperar
Sente apenas 
a quietude
Do nada
Que tudo nos
Permite ser

Canta
Quieto
Mudo


Ao olhares assim para mim
De nada mais meu ser precisa

Tudo que aqui grita
Junto a ti serena

Nesta tua quietude
Há um nada
Que em tudo ressoa
Vai e vem 
e gira

Neste vácuo
Esperas
Espero

Desvenda minha canção
Esvazia
Minha razão

Em paz
Silencia

Ouve meu grito
Ele é um canto
Do meu corpo a ti
..............................................
.................................................................

sábado, 17 de setembro de 2011

Sobre amizade, veneno e saudade...



Há um ano de distância de um dos dias mais difíceis até então em minha vida, me permito refletir sobre o amor... Não falo aqui do amor carnal ou transcedental entre dois amantes nem mesmo do amor que as mães nutrem por seu filhos... falo de um amor que vai além disto... E peço que não se ofendam com minha comparação ... estou falando do amor a meu melhor amigo de quatro patas... Um amor travado de olhar a olhar, de coração a coração...
Um amor fofo e peludo que há um ano atrás saiu de cena deste mundo e foi morar no canto mais bonito de meu coração. Onde tenho uma gigantesca duna de fofas areias brancas. E volta e meia, sem vergonha alguma rolamos horas a fio nela. Esteja ela iluminada pelo dourado do pôr do sol de minhas alegrias, ou pelo brilho prateado e azulado da lua cheia de minhas angústias. Lá vivemos sempre serenos, e alegres...e nosso sono é tranquilo... E não importa se faz frio ou calor, se chove ou se faz sol... Quando nos cansamos de brincar, eu sigo a repetir o gesto de comando, avisando que basta, é hora de entrar, hora de acomodar-se na caminha de nome coração, onde me permito guardá-lo confortavelmente, como ele tantas vezes guardou meu portão. E não pensem que é fácil, ele segue a resistir, vira-se de barriga e com sua pata gorda e peluda faz um gesto que segue a carimbar meu ego, acariciar minha alma. Só então em seu rebolado é que recolhe-se.
Eu permito –me conter o rio que quer a todo custo rebentar através de meus olhos e sendo assim me permito pensar nas coisas que aprendi com ele. E humildemente a pedir-lhe perdão por meus humanos erros, e pelas duas vezes que brigamos.
Uma foi no dia que ele fez xixi no pé de minha escrivaninha e que eu (dês) humanamente o xinguei. E ele tremendo me disse, com seus olhos de bola de gude, que eu estava exagerando... Afinal a humana nesta história era eu. A outra foi pelas vezes frustradas que tentei lhe colocar coleira e guia...
E ele a pulos de pipoca, resistiu bravamente, ficando dois dias sem me dirigir a palavra de seu olhar e a fugir de mim pelos cantos, até que num misto de rosnado e choro me falou...

“Olha, eu ando comportado ao seu lado ou no seu colo e respondo a todos os seus comandos. Sempre deixo você me pentear, mas não vou ser um cachorrinho feito estes de madame que anda de coleirinha pela cidade.”

Ok ! Aceitei sua solicitação. E desisti da idéia de lhe colocar guia e sempre ele se portou muito bem . Exceto a vez que se pôs a latir incessante para a foto de um cara numa propaganda de telefonia...

“Poxa o cara é feio demais..., como é que vocês suportam andar pela cidade e ver este tipo de coisa?”
Ele tinha razão...

“Ah Gordo, o mundo é assim, isto chama-se poluição visual ...”

“Mas o mundo não precisa ser feio assim ...”

Ele tinha razão e sempre que lembro de seu latidos ou de sua resistência a guia, penso que devo resistir as amarras que este mundo a toda hora propõe. As amarras de uma sociedade que vive a pregar uma falsa moral e que quer sim a todo momento prender nos, encoleirar nos...
Quando me sinto sufocada é nele que penso...

“Nada de coleiras, Ok? Podemos andar lado a lado sem estarmos presos e amarrados...”

E vejo que isto é uma das coisas mais difíceis de entender, de se fazer pois nosso mundo é de limites, cercas, propriedades e tantos falsos valores em nome de uma efêmera segurança. Um mundo onde um cachorro precisa andar amarrado pela rua, mas que permite que os venenos das mais diversas espécies sejam vendidos nas prateleiras dos supermercados, como artigo crucial e necessário ao desenvolvimento e à resistência ao mundo animal no paraíso de nome civilização.
Onde latidos tornam-se incômodos, mas todo o tipo de lixo musical, com as mais torpes palavras , estupram diariamente nossos ouvidos sem o direito de fuga.
E pela lembrança de meu fofo anjo de 4 patas é que me permito deixar o grito que tenho trancado em minha garganta sair. Um grito contra toda forma de veneno. E agora não estou aqui falando dos venenos inseticidas, fertilizantes! Do veneno para matar capim, formiga barata, embora eles também caibam neste grito como num alerta. Falo antes de tudo do veneno do ser humano. O veneno de quem enche a boca para falar de respeito e de violência, e até do ato de um cachorro andar livre leve e solto e latir, mas não percebe o grito do animal diariamente em sua mesa. Que fala de paz, mas alimenta-se de um pedaço de morte.
Do veneno da inveja, do poder. Falo do veneno que cada vez faz com que mais pessoas almejem ser superiores...O veneno do ciúme, da mentira, do ódio, da ganância, da luxúria...E outros tantos que habitam nossos cotidianos sem nem ao menos nos darmos conta...
Só quando entendermos que não somos nada, e que é neste nada que somos que habita o tudo que precisamos nesta humana vida desumana é que vamos entender. Talvez no dia que tivermos palestras sobre “A doçura do ser humano” ao invés de palestras de Liderança e poder”.
Enquanto isto fico com a lembrança da audácia de meu gordo Gaspar que não hesitava em saltar em meu colo sem pedir licença, e acomodava-se de forma majestosa em minhas pernas como se eu fosse o trono de seu reinado. E o tenho em meus pensamentos como uma reserva, não ecológica, mas de sonhos. Que habita em meu íntimo, permitindo que eu resista a amargura cotidiana, e a ausência de poesia e atenção que sinto no desfile de vaidades de nossa realidade.
Não me permito esquecê-lo, assim como não me permito esquecer a tudo de belo que me faz vibrar a alma. E desejo sempre ser uma pessoa especial na vida daqueles que convivem comigo, como o foi meu peludo amigo em minha vida.
Para finalizar permito que saia de mim, através destas palavras, um uivo, um rosnado, um latido, um grito imensurável, como o tamanho de minha saudade, e com a força suficiente para enfrentar os inevitáveis venenos da vida.



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Efêmero Jardim de Sonhos



sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Mergulho no coração

O coração é algo estranho...vive no peito da gente mas não nos respeita...bate ao ritmo que quer, e vibra por conta própria... É surdo, mas o único que escuta claramente...paradoxal por natureza! Um amável teimoso, um companheiro tresloucado, desvairado e emotivo. Um orgão vital, e letal na mesma dose. É droga, drogado e alucinação. Parece tão gigante, afinal lá dentro cabe tanta gente, tanta coisa... que é inevitável crer em seu imensurável tamanho em suas infinitas medidas...Mais difícil ainda é crer que ele tenha o tamanho de um murro. E que em geral não se arrisca a bater, só a levar porrada!  É indignado, rebelde, faz o que está afim...indomável,selvagem! Quando pego de surpresa, não sabe reagir. E sempre chega o dia que este  latifundiário das emoções vitais é obrigado,  sem sequer perceber,  sucumbir a invasão... E dependendo do fascínio do invasor, dá-nos a sensação de ser minúsculo, microscópico até... E assim nele, nada mais parece caber!!!  O coração não é um orgão é uma instituição, e geralmente não aceita voluntários... Como bom egocêntrico (afinal é orgão vital) adora ser afagado...  É brega, vulnerável... estúpido...e sempre, para tudo: indispensável... Mesmo sem saber resolver sua constante e perturbadora batida, para todo problema que cria, sempre tem a solução! E se não tiver, há de criar um trono confortável  e, de bandeja,  vai entregar, assim para qualquer desconhecido a chave do cofre, a sala da administração.

O coração é palhaço e gargalhada... e diariamente eu grito para ele: 

'Hoje tem circo?'

E ele me responde: 

'Tem sim senhor!!!'

 o coração existe para nos atordoar e embalar...

E por mais habilidade que tenhamos, o show (dele) não temos a capacidade de parar...

É ele que decide, o momento de virar balão...e explodir sem q, por que ou razão!



Ah o coração...

é por saber que ele bate do lado esquerdo de meu peito que eu sei que estou viva,
e plena de emoção!


Luciáh Tavares

( se for copiar, compartilhar, tenha coração: não esqueça o nome da autora)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Fontes e inspirações





No editor do blog ou na barra de ferramentas do word, lá está a fonte, com opção de escolha, em seus variados modelos, alguns mais despojados, outros clássicos, outros extremamente contemporâneos, e outros tantos quase ininteligíveis de tão ousados. Fontes e mais fontes...



Da fonte letra, penso nas fontes que jorram água, inevitável não me remeter ao Chafariz da praça de minha  infância, onde segurada por meus pais molhava os pés na, para mim, mágica fonte das nereidas...


num tempo em que mal conhecia as letras, e pouco sabia de fontes de inspiração, menos ainda a respeito das nereidas, embora meus sonhos fossem embalados pelas histórias mitológicas de minha irmã mais velha. Jamais imaginaria que elas, as nereidas da fonte, também estavam nos gigantescos e fantásticos livros de minha mamana. Devo ter dormido no dia em que ela contou o mito destas ninfas do mar, das águas, de poderes encantadores, dominadoras de corações, não sabia que as moças belas representadas na fonte em geral tem cabelos longos e tal como sereias tem metade do corpo em formato de peixe... 

Depois desta fonte veio a do calçadão, marcar encontro com as amigas era sempre na boca da galeria, mas quando havia a ingênua malícia dos poéticos primeiros amores, o encontro era marcado no chafariz das Três Meninas. 

Não vou negar que era belo ver a fonte de inspiração da época comodamente me esperando diante da fonte, escondido por detrás de seus lindos olhos azuis que por sua vez escondiam-se por detrás do gigantesco ray ban espelhado, tão desejado por todos...
O ray ban, os olhos e o bonitão...
Uma verdadeira  fonte de inpiração e perdição diria eu olhando através de meu olhar atual, romanticamente safado.
Naquele tempo não pensava assim, embora me achasse  romântica,  o ostentava como quem porta sempre consigo um troféu...  Mas não deixava de  jogar moedas a fonte das três meninas, como quem faz sua fé na loteria ou no jogo do bicho. Dentro dos pedidos de então, a fonte das três meninas, cabiam os sonhos de felicidade pequeno burguesa como: casar, ter filhos de olhos bonitos, uma casa bonita, uma cozinheira, e também os sonhos alienados de ser uma modelo, atriz global ou coisa do tipo...já que não existiam os realitys shows...
Lembro que em meu íntimo pedia secretamente, ( a uma das três meninas, da fonte que era mais minha amiga) para ter na vida sempre um doce um amor, como os doces da cidade...com olhos inspiradores  a me desejar... Até eu me surpreendo com esta doce criatura que habitava então em meu ser, um dia usarei ela como fonte de inspiração de algum mergulho ou voltarei a mergulhar nela para me reencontrar.

Tão diversa quanto os infinitos eus que cabem em mim (ou naquilo de que chamo carinhosamente de essência) são os formatos de fontes presentes na barra de ferramentas, sempre que mergulho em algum devaneio de letras e palavras madrugada a dentro, ao me deparar com elas é como se tivesse um menu de olhares, um menu de fontes de inspiração. E sempre tento enxergar as fontes (letras) como pessoas, e as fontes ( de inspiração- Pessoas) como letras.

Os olhos estão para as fontes de inspiração como as letras estão para as fontes da barra de ferramentas.

Sempre tenho uma fonte preferida para cada momento. Uma fonte letra!!!

Quanto a fonte de inspiração acabo sempre por repeti-la exaustivamente até o cansaço, até a desilusão! E ainda desiludida sigo a usá-la mesmo que sem autorização. Por sorte a nova lei do direito autoral não tem a capacidade de rastrear a fonte, digo de inspiração.

Voltando a barra de ferramentas...
amo, acho que por profissão,  a comic sans... ela é vivaz!!!

Quando quero passar invisível e ser séria, comum
vou com a cotidiana calibri ou times new roman.

Como há também um ser  volúvel que habita em mim, ( talvez tenha sido o fato de molhar os pés na fonte das nereidas quando criança que fez ela se instalar em meu ser) não resisto ao mergulho no olhar, fonte brodway, sei que é um mergulho que tanto pode ser fugaz,
como uma produçao mal sucedida ou,
como pode ser um espetáculo que fica anos a fio em cartaz...
as fontes de inspiração são assim, tem umas que estão sempre em cartaz, as vezes saem de cena por um tempo , mas como cats ou os miseráveis sempre acabam de volta no neon, no outdoor...

Quando quero ser impactante utilizo para detalhes a letra forte,
gosto de coisas fortes

tinto seco,
whisky sem gelo
emoções fortes,
abraço forte...
olhar penetrante...
além da fonte, da alma...palavras assim também...
coragem

mas não resisto aos
textos casuais
  ao olhar  da fonte (de inspiração)corrier news,
um tanto jornalistico,
aberta
clássica e despojada na mesma dose...
e assim sendo nutro um amor platônico desde sempre pelos olhares inspiradores,
olhares corrier news... que mesmo de soslaio
ou num breve olhar,
mesmo em poucas palavras,possuem a dádiva do poder de síntese
sabem ser impactantes, sem extender-se
e divinos sem ser lacônicos
inteligente e  presente, ainda que em pequenas doses..tem a capacidade de preencher cada espaço de meu pensamento...



Poderia ficar aqui madrugadas infinitas mergulhando
nas fontes da barra de ferramentas...
nas fontes de inspiração
e sei que se pudesse mergulharia agora numa destas fontes de minha infância,
(bem acompanhada) como o faz a Anita Ekberg, no filme La dolce vita...na fontana de trevi... 

ou mergulharia num dos infinitos olhares de quem faz minhas palavras inundarem a tela do computador
seja em madrugadas

insônes e frias,
ou
sonolentas e quentes...

mergulho
no
, misterioso olhar de jabuticaba,

ou no vivaz cacoete involuntario,

carente olhar caído,
como olhos de cachorro sem dono...

não importa o formato ou a cor...
olhos que fazem vibrar a alma são, segundo o meu olhar miope,
necessários a uma boa fonte de inspiração...

olhos vampirescos,
olhos estonteantes...


Não existe mergulho sem fonte...
não há fonte sem olhar,
sem brilho,

 inspiração

seja esta provinda  da convidativa água da fonte de minha infância

ou

da cor encantadora
estonteante

que faz música descompassada dentro do lado
esquerdo de meu peito

que transforma meus míopes
e secretos sonhos
em
estrela
a luzir
de esperança

estrondo  no vazio de meu silêncio poético

patético

Sem uma fonte de inspiração vibrante
uma boa dose de vertigem,
pitadas de perturbação

  a palavra
o gesto
tudo torna-se banal...
quase arial...

e para mim este mergulho não serve
se penso
se escrevo
se falo
se vivo
se crio
se desejo

não é por que quero ser apenas uma pessoa 'legal'

quero o mergulho
transcedental...



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(Não me leve a mal...Fui!
Hora de mergulhar nos sonhos
com aquele frescor mágico dos creme dental )




sexta-feira, 29 de julho de 2011

Todo mergulho é possível



Do vazio ao superficial
tudo é mergulho
e ainda que nada seja
nada pareça 
ainda que profundo não almeje ser

Sempre será insano
imprevisível
genial
Basta que seja mergulho

Da sinceridade a fantasia
em tudo
com alma inteira se pode mergulhar
dos sonhos as certezas
do medo a alegria


seja nos beijos molhados
nos papéis rasgados
ou em meio a cabelos
selvagemente desajeitados
em doces ou em perturbadas palavras

o amor em tudo cabe
e nele todo mergulho é possível



quarta-feira, 29 de junho de 2011

No Vazio

No silêncio deste vazio inesperado
                       em meio a noite fria
                           
VAZIO
de novo
mais uma vez

                                me permito enlouquecer
minhas mais doces e selvagens idéias
                                               meu singelo temer
                                   
                                                   e enquanto temo
tremo
                                          aprofundo-me na voz do que fala mais alto ao surto surdo do meu  coração                  

mergulho deliciosamente descompassado


(Tudo diferente) 

                                                        neste nada que já não sinto
                   por mais que seja nada  agora 
                       ah
                            breve instante
                                    (GIGANTE)
 não vejo o que queria ver 
  não escuto a quem queria escutar 
tudo 
apenas breve instante

NADA
 aquele pó 
na estante

E para chegar ao TUDO que tanto quero para sair deste NADA 
                                                                                                             NADA a fazer
                                                                                            paciência 
                                                                        espera 
se voltar a superfície nada será como sempre foi


                                                 Ainda que não seja tudo que espero
ou esperava
                                                                      meu mergulho já foi
                                                                   sim
                                                     além de mim


O medo: vazio 
medo de nada ser
de novo 

não vai me entender
não vão me crer

                                                                                                     medo 
                                                                                                          só mais um brinquedo 
                                                                                                                          novo e inusitado
PAUSA

mergulho outra vez
e assim
de novo em mim
já não o era
sou muito mais

                                                                         QUASE
                                                                              que fiquei sabendo
(acho)
                                                                                                        o que sempre quis
                                                                                     e quase mergulhei
                                                     onde ainda não tinha chegado
                                    mas para variar fiquei no quase
e agora no vazio
                           acho que já foi
                                           e que de fato fui

                                                                             maaaaaaaaaaaaas se fui
                                                                                                              não sou
                                                                                                                e se não sou
                                                                                                                           ainda não foi
só sendo se é
só mergulhando
encontra-se a arca do tesouro afundado


                                                               


                                  MEDO
de novo 
e mais 
                  uma vez
e outras tantas
                      não quero
ficar só na esperança do 
era uma vez



medo inesperado

agora vou perder?
agora vou ganhar?
já levei?
me levaste ...!

como se mergulhar fosse uma partida onde não se pode deixar cair a bola no chão

já não quero mergulhos quadrados
                                                    emoldurados
                                 quero mergulhos
                                                    de pele
                                                          perfume e
                                                                           alma inteira
mergulho no nada
para encontrar
o tudo
que há no nada
de mim e de tudo
de tudo e de nada
                                                                           mergulhos inusitados
                                                                                                                    nada a desejar
nada a esperar
só  a espera
de estar
assim no vazio
do mergulhar
e quando eu voltar
se voltar

nada ser
serei tudo  o que jamais acreditei ser possível sonhar

e do outro lado disto tudo
                                   tudo preenchido
                                             por este nada
                                                           o que não sei
                                                                          mas que sonho ... e será!


este vazio
que não tem palavras para se descrever
                                                                         depois do nada sempre vem um tudo

mergulho certo
SIM
sem pensar
por que pensar?
                      quem pensa
                                    perde tempo de amar
de viver
de saber
que o vazio 
é bem mais cheio

                                                                                                            que tudo que já é e já foi

viver ultrapassa tudo o que somos
                                                                            meu mundo pelo nada sei de mim mesma
                                                                                                                    para que pensar




se estou no vazio 
                              só me resta mergulhar





terça-feira, 31 de maio de 2011

Mergulho de expectativas


Hoje não queria o mar da página branca e vazia para mergulhar
Queria apenas um céu azul para voar, flutuar e assim deixar-me por inteiro colorir.

Hoje, gostaria de trocar o medo inevitável do novo
pela segurança de minha calada insensatez.

Sair da palavra, passar a voz.
Sair das expectativas, mergulhar na realidade.
Fosse a realidade azul como o céu que pinto em minhas torpes idéias
ou obscura como o oceano de minhas esperanças.

Hoje queria ter coragem de abandonar as fontes de inspiração que já não servem mais nos meus sonhos.
Sem dor ou desassossego. 
Deixar que se fossem na corrente,
levadas pelas ondas de razão e de emoção do seu oceano de delícias.

Com um sorriso no canto dos lábios
contemplar
 apenas 
o barulho tranqüilo e vivo, do mar de meus desejos,
o borbulhar da espuma de minhas mais autênticas e secretas aspirações. 

Hoje queria ser o ego em pessoa
afagado e enfeitado
ao invés de
louca inspirada
ser a
 alucinada
                             inspiração...


Deixa estar o dia deste mergulho há de chegar...

sábado, 30 de abril de 2011

Mil coisas


Mil...Mil...Mil coisas
E eu não sei
E sei
E acho que não sei

Do que vale saber
E nada sentir
Do que vale viver
E não testar, errar
Cair, levantar...e cair novamente

E assim
E sempre inteira aos pedaços
Dentro e fora de mim
Moisaco de lindos ladrilhos
E nada e tudo
Sempre tudo
Quase nada
E não dá nem para entender
O que é
O que vai
O que foi
O que será

E o coração
E as flores no caminho
E eu, e tu e nós e os outros e ninguém
Se me perdesse de verdade
Talvez me encontrasse
E me encontrando
Me perderia de ti
E de todos

Para me reencontrar
Novamente
Mil...Mil...Mil...coisas

Rio de Janeiro, 19 de Março de 2009