No editor do blog ou na barra de ferramentas do word, lá está a fonte, com opção de escolha, em seus variados modelos, alguns mais despojados, outros clássicos, outros extremamente contemporâneos, e outros tantos quase ininteligíveis de tão ousados. Fontes e mais fontes...
Da fonte letra, penso nas fontes que jorram água, inevitável não me remeter ao Chafariz da praça de minha infância, onde segurada por meus pais molhava os pés na, para mim, mágica fonte das nereidas...
num tempo em que mal conhecia as letras, e pouco sabia de fontes de inspiração, menos ainda a respeito das nereidas, embora meus sonhos fossem embalados pelas histórias mitológicas de minha irmã mais velha. Jamais imaginaria que elas, as nereidas da fonte, também estavam nos gigantescos e fantásticos livros de minha mamana. Devo ter dormido no dia em que ela contou o mito destas ninfas do mar, das águas, de poderes encantadores, dominadoras de corações, não sabia que as moças belas representadas na fonte em geral tem cabelos longos e tal como sereias tem metade do corpo em formato de peixe...
Depois desta fonte veio a do calçadão, marcar encontro com as amigas era sempre na boca da galeria, mas quando havia a ingênua malícia dos poéticos primeiros amores, o encontro era marcado no chafariz das Três Meninas.
Não vou negar que era belo ver a fonte de inspiração da época comodamente me esperando diante da fonte, escondido por detrás de seus lindos olhos azuis que por sua vez escondiam-se por detrás do gigantesco ray ban espelhado, tão desejado por todos...
O ray ban, os olhos e o bonitão...
Uma verdadeira fonte de inpiração e perdição diria eu olhando através de meu olhar atual, romanticamente safado.
Naquele tempo não pensava assim, embora me achasse romântica, o ostentava como quem porta sempre consigo um troféu... Mas não deixava de jogar moedas a fonte das três meninas, como quem faz sua fé na loteria ou no jogo do bicho. Dentro dos pedidos de então, a fonte das três meninas, cabiam os sonhos de felicidade pequeno burguesa como: casar, ter filhos de olhos bonitos, uma casa bonita, uma cozinheira, e também os sonhos alienados de ser uma modelo, atriz global ou coisa do tipo...já que não existiam os realitys shows...
Lembro que em meu íntimo pedia secretamente, ( a uma das três meninas, da fonte que era mais minha amiga) para ter na vida sempre um doce um amor, como os doces da cidade...com olhos inspiradores a me desejar... Até eu me surpreendo com esta doce criatura que habitava então em meu ser, um dia usarei ela como fonte de inspiração de algum mergulho ou voltarei a mergulhar nela para me reencontrar.
Tão diversa quanto os infinitos eus que cabem em mim (ou naquilo de que chamo carinhosamente de essência) são os formatos de fontes presentes na barra de ferramentas, sempre que mergulho em algum devaneio de letras e palavras madrugada a dentro, ao me deparar com elas é como se tivesse um menu de olhares, um menu de fontes de inspiração. E sempre tento enxergar as fontes (letras) como pessoas, e as fontes ( de inspiração- Pessoas) como letras.
Os olhos estão para as fontes de inspiração como as letras estão para as fontes da barra de ferramentas.
Sempre tenho uma fonte preferida para cada momento. Uma fonte letra!!!
Quanto a fonte de inspiração acabo sempre por repeti-la exaustivamente até o cansaço, até a desilusão! E ainda desiludida sigo a usá-la mesmo que sem autorização. Por sorte a nova lei do direito autoral não tem a capacidade de rastrear a fonte, digo de inspiração.
Voltando a barra de ferramentas...
amo, acho que por profissão, a comic sans... ela é vivaz!!!
Quando quero passar invisível e ser séria, comum
vou com a cotidiana calibri ou times new roman.
Como há também um ser volúvel que habita em mim, ( talvez tenha sido o fato de molhar os pés na fonte das nereidas quando criança que fez ela se instalar em meu ser) não resisto ao mergulho no olhar, fonte brodway, sei que é um mergulho que tanto pode ser fugaz,
como uma produçao mal sucedida ou,
como pode ser um espetáculo que fica anos a fio em cartaz...
as fontes de inspiração são assim, tem umas que estão sempre em cartaz, as vezes saem de cena por um tempo , mas como cats ou os miseráveis sempre acabam de volta no neon, no outdoor...
Quando quero ser impactante utilizo para detalhes a letra forte,
gosto de coisas fortes
tinto seco,
whisky sem gelo
emoções fortes,
abraço forte...
olhar penetrante...
além da fonte, da alma...palavras assim também...
coragem
mas não resisto aos
textos casuais
ao olhar da fonte (de inspiração)corrier news,
um tanto jornalistico,
aberta
clássica e despojada na mesma dose...
e assim sendo nutro um amor platônico desde sempre pelos olhares inspiradores,
olhares corrier news... que mesmo de soslaio
ou num breve olhar,
mesmo em poucas palavras,possuem a dádiva do poder de síntese
sabem ser impactantes, sem extender-se
e divinos sem ser lacônicos
inteligente e presente, ainda que em pequenas doses..tem a capacidade de preencher cada espaço de meu pensamento...
Poderia ficar aqui madrugadas infinitas mergulhando
nas fontes da barra de ferramentas...
nas fontes de inspiração
e sei que se pudesse mergulharia agora numa destas fontes de minha infância,
(bem acompanhada) como o faz a Anita Ekberg, no filme La dolce vita...na fontana de trevi...
ou mergulharia num dos infinitos olhares de quem faz minhas palavras inundarem a tela do computador
seja em madrugadas
insônes e frias,
ou
sonolentas e quentes...
mergulho
no
, misterioso olhar de jabuticaba,
ou no vivaz cacoete involuntario,
carente olhar caído,
como olhos de cachorro sem dono...
não importa o formato ou a cor...
olhos que fazem vibrar a alma são, segundo o meu olhar miope,
necessários a uma boa fonte de inspiração...
olhos vampirescos,
olhos estonteantes...
Não existe mergulho sem fonte...
não há fonte sem olhar,
sem brilho,
inspiração
seja esta provinda da convidativa água da fonte de minha infância
ou
da cor encantadora
estonteante
que faz música descompassada dentro do lado
esquerdo de meu peito
que transforma meus míopes
e secretos sonhos
em
estrela
a luzir
de esperança
estrondo no vazio de meu silêncio poético
patético
Sem uma fonte de inspiração vibrante
uma boa dose de vertigem,
pitadas de perturbação
a palavra
o gesto
tudo torna-se banal...
quase arial...
e para mim este mergulho não serve
se penso
se escrevo
se falo
se vivo
se crio
se desejo
não é por que quero ser apenas uma pessoa 'legal'
quero o mergulho
transcedental...
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(Não me leve a mal...Fui!
Hora de mergulhar nos sonhos
com aquele frescor mágico dos creme dental )
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