sábado, 30 de março de 2013

Sobre busca, luz e outras coisas



Nesta vida existem coisas que estão ao nosso alcance... outras não... na verdade a maioria não está...como se houvesse um aviso prévio dizendo: 

o mundo não é assim ao alcance da mão...
é preciso alongar-se...
fazer um esforço...
saltar vez ou outra. 

Algumas serão rápidas... mas outras exigirão tempo...dias, semanas, meses, anos e até décadas para serem alcançadas...  Degustar as coisas alcançadas com persistência tem um sabor especial é bem verdade, mas não há uma receita!  Às vezes quando chega já não faz sentido, ou é tão menor e sem graça do que a víamos em nossos sonhos, lá no ponto onde nutríamos com o melhor adubo de nossas expectativas a planta de nossas doces e humanas ilusões... Noutras chega cedo demais e  nem percebemos a grandiosidade do momento...Na verdade na maioria das vezes que estamos nadando no mar da vida ,com alegria ou força, não percebemos o valor da braçada, a força e beleza da onda...  Depois de vencida observa-se de outro ângulo e percebe-se:

“Nossa eu estava lá! Sim era eu! Esta aqui é a mesma que estava lá!” 

Mas nem sempre seguimos permitindo sermos os mesmos... embora haja uma essência nossa que perdure...E dentro desta essência é que estão os sonhos, a ingenuidade, a pureza, a beleza, a doçura... Lá nela existem coisas que nunca morrem, ainda que  às vezes deixemos que ela seja sufocada, esquecida, aniquilada e, embora o mundo tenha sua parcela de culpa nisto, o único que realmente permite que ela seja sufocada somos nós... seja por medo, orgulho ou insegurança...
O amor que provém deste reduto de nosso ser é o mais fantástico, incrível e lindo... E aliás, tudo que provém deste reduto de nós mesmos faz sentido, tem cor, vida, luz... Ao mergulharmos a partir vida deste ponto... as cores sempre serão mais vibrantes... e todo esforço valerá a pena...e toda pena é pluma que nos faz levitar...  Este lugar de nós mesmos tem muito de coração... mas abarca bem mais... Quando deixamos a vida ser conduzida pelo ritmo de nossa essência... as coisas fluem...e se não acontecem rápidas... a espera não é um martírio, mas é apenas uma paciente certeza...de que tudo tem seu tempo...mas que o tempo de viver é o agora...mesmo que no agora caibam as mais fortes saudades e as mais desesperadoras esperanças... humanamente,  vez ou outra recuaremos diante daquilo que tanto queremos  e, exatamente, quando estiver ali na boca do lance, no pênalti ...no gol...
mas isto é física... todo movimento numa direção precede uma inércia...lembra de Newton? Das aulas de física? Pois bem ... a resistência do corpo ao movimento,  que faz que sigamos andando quando  o veículo freia, que pressiona o corpo para trás antes da arrancada ... resista sutilmente...apenas para preparar-se lindamente para o salto, para a caminhada, para a corrida...para a aproximação ...chegada ou fuga... e se tiver que parar pare... 
Redirecione o foco e pronto...salte! 
Num passado remoto andar foi um desafio... assim como falar e ler...
Se o caminho estiver confuso...como começam a ficar minhas palavras... pare...sinta os pés nos chão...permita-se colocar a cabeça nas nuvens... se o céu estiver nublado cinza... permita-se ver o sol que brilha por detrás delas... eterna é sua essência, não a situação ou o ponto em que você se encontra. Ao permitir elevar seu pensamento além das nuvens... veja a luz... e tenha certeza que a luz que brilha lá também brilha dentro de seu ser...e não paga imposto para viajar daqui até onde você quiser...deixe ela clarear o caminho... mas se não der para vê-la assim tão fácil...solicite a luz de alguém emprestada...mais ou menos como faísca para fazer a sua acender...como quem pede fogo, solicita o cigarro de outro emprestado para acender  o seu...  só que neste caso o fogo não vai acender algo para consumir seu fôlego... viver e andar...tem destas coisas... de força, de calor, de essência de luz...  mas na cena de nosso espetáculo de nome vida... somos nós que escolhemos a cor da luz e o iluminador para fazer da cena, geral, branca, em contra ou psicodélica... se a cena parecer escura...aguarde o segundo ato...não há Black out que perdure todo um espetáculo... se a luz não for de seu agrado... a atmosfera estiver fria...converse com iluminador...ou troque a luz, a cena, o espetáculo...só não deixe a essência esmorecer...pois a luz sempre surge...seja depois de uma noite de escuridão ou de dias chuvosos...e o sol nasce para todos só não sabe e não quer ver quem acorda tarde e não se estica em sua janela para ver a luz...para quem não  muda de janela... de casa...de bairro, de cidade, de estado, de país... sim... alcançar o que se quer ...é assim...mais ou menos...como esticar o pescoço da janela para ver a luz do sol... fazer um sinal ao iluminador para afinar o foco...  interpretar com força a cena do agora... ensaiar com dedicação e afinco  as cenas dos espetáculos que virão... e estar pronta para improvisar diante do que não pode ser previsto, do que virá de um jeito que jamais pudemos supor...