quarta-feira, 15 de julho de 2009

Do Rio ao Frio Do cordeiro ao Lobo


Frio ...
mãos geladas
lentamente formam estas palavras
o mergulho do momento é em águas gélidas ...ah!

Não quero falar aqui
nem de frio
nem de Rio

o frio que tinha saudades
o Rio que amo

Mas ...
bem

o que tenho para escrever aqui é sobre a capacidade que em alguns momentos
precisamos ter para agir como cordeiros ou lobos

Outro dia um amigo disse
que eu era tão terrível que chegava
a ser um lobo em pele de cordeiro...

Meu lado terrível não deixou que eu ficasse chateada com a afirmação do querido
mas...
lobo
em pele de cordeiro é um pouco grave!!!

Um pouco
demais
Talvez...

pensei!!!

Viajei rumo ao sul pensando nisto!

E listando as vantagens de ser lobo ( no meu caso Loba)
de ser cordeiro (no meu caso...ovelha...sim ovelha negra da família)

ovelha é fofa!!!
Gostosinha esteja ela
peluda...ou esquilada!

Lobo(a) é lindo (a)
rápido
esperto
vivaz
uiva e muda nas noites de lua cheia.

sagaz
como eu!

a pele de cordeiro
deve vir da doçura infantil
e até um pouco simples
e humilde que acabo aparentando

mas aparência não tem nada
haver com o conteúdo

Quando falei para uma colega
que era eu sentar no ônibus
para alguém sentar ao meu lado e contar toda a sua vida
ela respondeu:

" Ah , Você tem cara de confiável, de boa menina."

Não gostei, pois se tenho apenas cara...é por que não sou!
E também por que me atraem de verdade os vilões...( meu lado lobo)
mas é verdade: tenho cara de boa menina, não vou negar o que os fatos não me permitem!

E ...sou?
Sou sim!
Sou boa menina!

Boa até demais diga-se de passagem!
Muito, muito boa!

E quem foi que disse que boas meninas,
não podem ser astutas...
belas e loquazes em suas decisões!!!

Adorei a definição
ser lobo e cordeiro

E agora aqui neste frio
de rachar as idéias sinto que
a pele de cordeiro é crucial para que o lobo do lobo
não me leve assim como um vento negro que chega de sopetão.
E para me manter quentinha

afinal ... aqui não é o Rio !!!
E uma pele para aquecer faz toda a diferença.

Meu amigo disse que estava brincando
que não vista a carapuça .

No fundo ele tem razão

e neste frio
visto a carapuça sim
e não deixo de lado
a pele
seja ela de lobo ou de cordeiro
É terrível você tem razão!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Passando


tenho passado com a intenção de não passar simplesmente

tenho sonhado com a certeza de não sonhar unicamente


e assim nos mergulhos sem fim

do mar que me sorri

volto a mergulhar nas infinitas sensações que a vida

alucinadamente me propõe


com maturidade

para não sucumbir impensadamente a apnéia


com felicidade para fazer o meu passar mais suave e ritmado


e sempre com uma boa dose de loucura

para não beirar jamais no trivial


no parodoxo de ser o que sou

terrivelmente

me perco e me reencontro

maravilhosamente

no real e no sem fim


e vou como quem vai

e fico com paciência


pois ir

estar andar e ficar

são apenas pedaços

do mergulho que não se parte

que não se explica


ah!




segunda-feira, 23 de março de 2009

Angústia de fim de verão




















Águas de março fechando o verão
meu olhar verde amarelo
segue insistindo em não amadurecer
e amando sem praticamnete
ter motivo ou razão

Angústia que vem
Pelo verão que se vai

quieto e cheio de bossa
como um barquinho a navegar

E que passa como menina a caminho do mar

O outono tropical
da cidade maravilhosa
de encantos e contrastes mil
demora a dar o ar da graça

Falta a geral âmbar
da grande luz do universo
para iluminar as ideias


As emoções mudam
E assim sem mais nem menos
me reencontro com a minha estação

tento sintonizar o mundo
na canção de minha'lma

Os mergulhos espaçados
no mar
e no nada sei


Ó pátria amada Brasil
De Batucadas descompassadas
Onde até o certo vira incerto


se pudesse pular esta angústia de fim de verão

já teria saltado

e sem medo
de peito aberto
abismo
abaixo ou acima


mas se existe uma certeza nesta
vida
e pode ter certeza que esta habita
na ausência
no fim
na morte

e nas estações

que vão e vem
que nascem flosrescem e morrem

o que me resta se não saltar
o que me resta se não mergulhar

nada sei

apenas
que dentro de cada abismo há outro abismo

e que dentro de cada mundo há um infinito de mundos

e lá vou eu

por que hoje
já é outono

e se tenho que mergulhar no nada sei

que seja na minha estação...

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Só se acha quem já se perdeu


Acho que me perdi
Conclui que o melhor é sumir para pensar
Se pudesse de verdade tiraria férias de mim mesma
Todos deveriam fazer isto uma vez na vida
Sumir
Para terem a certeza do que
E de onde estão
E Exatamente onde devem ou deveriam estar
Ou não estar
(Talvez seja o contrário.)
Ao invés da certeza duvidar
Em meio à dúvida ter certeza.

Todo mundo pelo menos uma vez na vida deveria ir para o outro lado do mundo

Ou para o outro lado do país
Da cidade
do bairro
Da rua
Da casa
Para perceber o mundo por outra ótica
Dar trégua a cama dormir um pouco no chão
Dar trégua ao chão dormir um pouco na cama
Sair da platéia e subir no palco
Descer do palco e observar a platéia
No calor tomar sopa
No frio comer sorvete
Só para inverter as sensações
Desligar a TV
Pelo menos uma vez na vida deveríamos esquecer o noticiário
A novela das oito
O horário da janta
Do almoço
do café da manhã
Pensar que a manhã é noite
E de noite ter a nítida sensação
Que amanhece
Dar folga as coisas supérfluas
Dar folga as coisas essenciais
Ao invés de arroz e feijão
Sei lá
Salada de tomate cereja com brócolis
Beterraba(argh)
Mussarela de búfula
Amendoin
Sementes de girassol
Tahine
Castanha do Pará com creme de leite
Pão sírio com banana, canela e mel
Sei lá
Uma vez na vida
Acho que deveria -se mudar completamente de rumo
De idéias
De roupas
Eleger outra cor predileta
Mudar de praia
De baton
Trocar a mala por mochila
A mochila por mala
O avião pelo ônibus
A janela pelo corredor
O carro por moto
A cidade pelo campo
Sair sem brincos
Sem gravata
Falar vinte quatro horas por dia noutra língua
Nem que para isto seja necessário inventar uma língua nova
Testar um prato novo
Ficar um dia todo sem nada dizer
Dançar algo que nunca dançou
Cortar os cabelos
Dançar sem música
Escovar os dentes com a mão esquerda
Ou direita ...
Comer limão...puro
Na frente do espelho
E rir das ácidas caretas que se faz
Entender que o azedo nem é tão ruim assim
Uma vez na vida pelo menos deveria -se
Trocar o almoço pela sobremesa
a sobremesa pelo café
O café pelo chá
O chá pela cerveja
A cerveja pelo vinho
O vinho pelo suco
O suco pela água
A água pelo ar
O ar pelo mar
o mar pela montanha
a montanha pelo sol
o sol pela chuva
a chuva pelo deserto
as laranjas pelas uvas
as uvas pelos morangos, pêssegos, mangas, açaís, cupuaçus ou buritis
pelo menos uma vez na vida deveríamos não temer as dificuldades
para sorrir para elas
rolar na areia
e depois tentar começar
pelo começo
fazendo do começo um fim
e assim o fim de cada um seria apenas começar
sem medo
vergonha ou temor
perder o olhar no horizonte
em meio a sonhos
perder-se um pouco nos meios
desejos, metas
ser um pouco verdadeiramente o que não se é
tornar-se o que em essência nunca se deixa de ser
deixar para ficar
e nesta loucura toda
saudar o mundo
mergulhar no avesso das situações
saudar o Deus que há em si e em tudo...
pelo menos uma vez na vida
inverter o jogo
e em paz permitir-se por inteiro mudar
para por inteiro em si ou no outro se reencontrar...e se perder...
pelo menos uma vez na vida
se achar...para de novo se perder...