Mergulho de alma nua
Num céu de uma cor que não posso definir
não era laranja, vermelho nem rosa
era quase um mar coral
Um coqueiro solitário
a bailar na montanha
por detrás do riso solto
e das lágrimas contidas
e do que não sei como explicar
Meu secreto esconderijo
Relicário
entre o nada
e lugar nenhum
E as palavras
a parecer pequenas
diante de cada gesto sutil
Surgiu assim
como jamais vi
na tela do cinema
nos sonhos
ou na televisão
Pôs de imediato
a bailar minha razão
justo no dia mais
longo do ano
Indescifrável
num ritmo sereno
suave compasso
fez o entardecer
parecer incoerente
tridimensionalizou meu olhar
e o seu
e tudo o mais
lógico
exato
insensato
Assim como eu
e assim como tudo
que há fora e dentro de mim
O nada suspenso
no solstício
de profundidade efêmera
cores só nossas
telas
desenhos
e fotografias
imagens
de memórias
de momentos
pincelada de sonhos
sensação de pirueta
lugar incomum
Um cavalo branco
olhares infinitos
a se perder
através
da minha janela
lua cheia
overdose de emoções
tocando alma
eclipse lunar
coração suspenso
esquecer a razão
tantas coisas
oníricas sim
e sem explicação
no dia do solstício de verão