quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Solstício de verão



Mergulho de alma nua
Num céu de uma cor que não posso definir
não era laranja, vermelho nem rosa
era quase um mar coral

Um coqueiro solitário
a bailar na montanha
por detrás do riso solto
e das lágrimas contidas
e do que não sei como explicar

 Meu secreto esconderijo
Relicário
entre o nada
e lugar nenhum
  E  as palavras
a parecer pequenas
diante de cada  gesto sutil

Surgiu  assim
como jamais vi
na tela do cinema
nos sonhos
ou na televisão
Pôs de imediato
a bailar minha razão
justo no dia mais
longo do ano

Indescifrável

num ritmo sereno
suave compasso
fez o entardecer
parecer  incoerente
tridimensionalizou meu olhar
e o seu
e tudo o mais

 lógico
exato
insensato

Assim como eu
e assim como tudo
que há fora e dentro de mim
 O nada suspenso
 no solstício
de profundidade efêmera
cores só nossas
telas
desenhos
e fotografias
imagens 
de memórias
de momentos
pincelada de sonhos
sensação de pirueta
lugar incomum
Um cavalo branco
olhares infinitos
a se perder
 através
 da minha janela
lua cheia
overdose de emoções
tocando alma
eclipse lunar

coração suspenso
 esquecer a razão
tantas coisas
oníricas sim
e sem explicação
no dia do solstício de verão






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