De tantos mergulhos,
seja na utopia de mim mesma e das coisas que sempre desejei ou
nas expectativas não alcançadas...
um mergulho tem me feito inúmeras vezes estar em estado de apnéia...
como se a falta do ar fosse um estado de graça...
como se o frustar-se fosse algo com sabor de dulce de leche uruguayo,
com a doçura do açucar brasileiro...
ou ainda fosse aquela suntuosidade dos sorvetes italianos...
Mas infelizmente não,
a apnéia de que falo é no mergulho desencatado
onde a utopia vira hábito de desgosto,
pedaço de desilusão ...
Faz-se crucial pensar no infinito...
no infinito que existe em todo amor
até mesmo no amor dos que pensam que não existe amor,
que não são
que não foram...
em tudo há um clic...
as vezes uma palavra ...
um milionésimo de instante
um segundo
e eis que as coisas invertem
mudam a direção
o sonho vira pesadelo
o amor ódio ...
(eu tenho tido dificuldade de odiar ... não sei se por mergulhar na evolução ou pela ausência de algo que me faz atípica diante de um mundo que confunde o humano com falta de valores... acho as vezes que o que nao é o que nao foi seja uma esquizofrenia minha...porque eu podi me vingar ...e faria isto indecentemente bem ...mas ...e aí?)
neste ponto
não adinta forçar o que nao foi
o que já não é
pois tudo pode sempre piorar
no mergulho do que não foi...
as coisas que eram belas ganham uma dimensão monstruosas...
o príncipe vira um chato
a mocinha uma menina má...
a comunicação fica comprometida...
e mesmo que os corações tenham amado
enlouquecidamente
devotadamente
trocado as mais
belas
poéticas
apaixonantes
juras de amor
mesmo que os corações orgulhosamente ainda se amem ...
o entendimento
não é possível...
é como tentar recuperar o bolo abatumado ...
não há volta!!!
depois que o vento o solou...
nem deus desce na terra e o transforma...
agora
se deus tem a capacidade de fazer deste mergulho do que não foi
ser além do que se pode ser
do que se sonha ser
do que sonhamos realizar
algo vai acontecer
( e eu voltarei aqui daqui um tempo num mergulho em que direi que nao sei mergulhar em deus ...
e que não permito ...e que penso demais e blá blá blá... e que estava errada no dia que duvidei de deus intervir no bolo abatumado de nossas humanas relações de nossos tortos amores)
de fato o que não é ...
talvez
nunca tenha sido ...
tenha se perdido
antes de ter se achado...
e o pior ,
só se acha quem já se perdeu ...
só se perde o que se tem seguro nas mãos...
(e não me venham com aquela palhaçada de que se fossse meu não tinha partido ...
não não é nada disso ...)
o que faz que as coisas não sejam é a falta de força e coragem para insistir
insistir
no humano,
na diferença...
insistir
no que se quer
mas
dá um certo trabalho
toda diferença cabe no mergulho de descoberta deste novo..
na diferença aqueles que amam mergulham de alma inteira nos defeitos do outro
sem cobranças ou fugas...
(mas é fácil falar ...quando não se teve a capacidade de um mergulho na integra)
onde se vai até a falta de ar ...
até o que nao pode ser ...
na apnéia da questao...
(eu nao sei mergulhar pela metade...embora tema a falta de ar...meus mergulhos sao de alma...mas eu tenho que sentir a alma do outro vibrando em mim como uma cancao boa daquelas em que nao se cansa de ouvir 1, 10, 100, 1000 vezes ...)
nao há virtude em dizer que ama
e nao querer bater os braços para nadar um pouco
se correnteza esta forte...
nadar ...
é um nada
que mostra como queremos entender o tudo do outro ...
(eu sempre vou amar, sempre vou mergulhar, sempre vou ser eu em essencia...e o dia que minha alma nao estiver presente nas coisas que vivo faço digo ou escrevo melhor nao ser eu desistir do mergulho
ficar na superficie de mim mesma...no nada dos habitos bestas do cotidiano...)
mais nada
tudo
um mergulho no que não é
um mergulho no que não foi
e agora