Dos mistérios da ciência
Desvendei o segredo do mundo
Estar sempre a girar.
A culpa do seu constante movimento
Que faz o tempo correr,
dançar
Quase voar
È da paixão louca
Que devota ele a Vida
Disse-me em segredo certa vez
Que se não fossem as paixões
Tudo pararia
Perderia seu ritmo
Sua cor
E ele andaria num passo
Inerte
Seria mero astro mergulhado
Na razão da eternidade
Sem paixão
A vida seria comida sem tempero
Corpo sem movimento
Prazer sem sensação
E isso não é invenção de artista,
Alucinação de poeta
Quem me disse foi o mundo
Interrompendo das suas infinitas piruetas
que dava no palco
que carinhosamente chama de universo
Falou-me sorridente
Que só se permitia parar
Por que não queria explodir
Humanamente precisava
de um ombro amigo para desabafar a paixão
Que devota de corpo, alma e movimento à Vida
Num piscar de olhos
Deu um giro
Tal exímio bailarino
E retornou ao seu eterno ritual
Seguiu sua dança cíclica
Para que as coisas não parassem
Para que as idéias dos homens
não cristalizassem
Neste dia deu-me
Um presente
Peça única
que hoje levo a todos os lugares
sem reclamar
mais que um amuleto
Deu – me a chave para viver
as mais singelas e sofisticadas sensações
Deu – me a peça mais íntima do meu viver
Meu maior brinquedo
Quase um oceano de prazer
Deu-me
Esta jóia rara de nome corpo
E de brinde veio o movimento
Que a todo instante traduz em gesto
Meu sentimento
È por isso que na minha qualidade de artista
Poeta arteiro
Ensino esta lição que aprendi com o mundo
Não esqueça de sua peça mais íntima
de nome corpo
E permita-se ser como o mundo
Amante
Apaixonado pela Vida
Viva intensamente
E pelo menos às vezes
deixe de lado a razão
E permita-se viver livremente
Cada momento
Como o mundo
Dance a vida
Com toda sua paixão!